sábado, 5 de setembro de 2015

A questão da água no Brasil e no mundo

 A água é fonte de vida ou fonte de lucro? De acordo com Leonardo Boff, a água é um bem natural, vital, comum e insubstituível ou um bem econômico a ser tratado como recurso hídrico e como mercadoria? Ambas as dimensões não se excluem, mas devem ser relacionadas.

 A água é um recurso limitado e de domínio público. Não é um bem econômico como qualquer outro. Ela está tão ligada à vida que deve ser entendida como vida. E vida não deve ser transformada em mercadoria. A lógica da economia de mercado é a competição e a vontade de dar importância aos ganhos e transformar tudo em mercadoria e oportunidade de lucro e levar à banca dos negócios.

 Por causa de sua escassez, a água é vista como recurso hídrico e bem econômico. Ela é uma mercadoria e fonte de ganho. Aí estão fortemente presentes na comercialização de água mineral, no mundo todo, a Nestlé e a Coca-Cola, que buscam comprar fontes de água por toda a parte no mundo. É importante pressionar os Governos e as empresas para que a água não seja levada aos mercados nem seja considerada mercadoria.

 Deve-se incentivar a cooperação da sociedade para impedir que tantos morram em consequência da falta de água ou de águas maltratadas. Diariamente morrem 6 mil crianças por sede. Os noticiários nada comentam. Por esse motivo, existem campanhas mundiais como o Contrato Mundial da Água, em Florença, que procura dar a devida importância ao que efetivamente nos une, que é a vida das pessoas e dos demais seres vivos, indissociáveis da água. E, também, a campanha Fome Zero Mundial, que incluirá a “Sede Zero”, pois nenhum alimento pode existir e ser consumido sem a água.

 O Brasil tem a maior fonte de água doce do mundo, a Amazônia. Ela produz 2/3 da água doce do planeta por evapo-transpiração das árvores e abriga 1/3 da floresta tropical do planeta, mas todo seu ecossistema tem sido afetado devido ao desmatamento. Existe uma solução simples para reverter a situação: o reflorestamento. Como ocorre a retirada das árvores, a chuva para. A umidade e as nuvens das zonas tropicais não são formadas por acaso. São as árvores que mantêm esse estado de vaporização, liberando enormes volume de água.

 A água já é escassa em muitos países, mas é uma novidade no Brasil sentirmos tanto a sua falta. Em São Paulo, a cada dia, a situação se agrava mais. Em Goiás, algumas cidades já sentem o prejuízo. Então, fica a pergunta: “de quem é a culpa?”. Agroindústria, desmatamentos, falta de cuidado com as nascentes dos rios, pouca atenção das autoridades à fiscalização da preservação ambiental, o consumo sem consciência, entre outros.



São Paulo

A atual situação nos obriga, como nunca antes, a repensar a questão da água e a desenvolver uma cultura do cuidado, norteados por seus famosos erres (r): reduzir, reusar, reciclar, respeitar e reflorestar.

 A necessidade de complementar a água para as regiões urbanas ainda poderá utilizar a água doce disponível em rios ou águas represadas. Entretanto, as necessidades principais situam-se em pequenas operadoras de dessalinização com capacidade para abastecer vilas ou pequenos conjuntos habitacionais no interior, onde a água superficial ou subterrânea é salobra ou com salinidade elevada. Aí reside a necessidade de investimentos tecnológicos para desenvolver sistemas eficientes de dessalinização operada nessas regiões.

 No Rio de Janeiro, o governo estadual está planejando junto à empresa espanhola Sacyr, uma usina de dessalinização da água do mar. O projeto tem como objetivo abastecer cerca de um milhão de residências no Rio e é uma ferramenta alternativa em relação as tradicionais fontes de recursos hídricos. A usina seria construída na Zona Oeste, para abastecer melhor os municípios fluminenses. Essa alternativa melhoraria em muito na distribuição de água no Rio de Janeiro pois o Estado já está sentindo os efeitos da crise hídrica Brasileira.

 Outra proposta hídrica alternativa seria a captação de esgoto com a finalidade de transformá-lo em água de reúso. essa tecnologia já vem sendo aplicada em vários países no mundo, mas no Brasil o primeiro local a ter essa tecnologia será São Paulo. A ideia é pegar as estações de tratamento de esgoto e fazer o tratamento convencional e, adicionalmente, utilizar outras tecnologias, como, por exemplo, osmose reversa, que é um sistema usado para fazer a dessalinização da água do mar. Obviamente, que tem que haver todo um acompanhamento rigoroso da operação para assegurar que a qualidade da água estará adequada. 

 O reuso do esgoto contribui para a conservação dos recursos naturais do planeta, e representa uma dimensão econômica ao planejamento dos recursos hídricos.



Processo de Dessalinização


 O custo de energia é matéria principal para a dessalinização. A operação de pequenas centrais de dessalinização pode ser útil em condomínios ou edifícios em áreas costeiras, onde há necessidade também de reduzir a demanda de águas doces continentais. Dessa forma, a dessalinização pode ser uma tecnologia favorável para futura utilização no Brasil. Na América Latina, apenas no Caribe há um investimento em dessalinização com a produção de água doce. Nos demais países da América Latina, os principais produtores são Chile e México.

 A perda de água doce afeta, diretamente, a agricultura e a produção de alimentos, além disso, também provoca a perda da fertilidade dos solos. Num nível mundial, a grande agricultura do agronegócio consome 70% da água, enquanto a indústria e mineração consomem 12%.

 A maior parte da pequena agricultura familiar não dispõe, em muitos casos, de água para regar suas hortas caseiras para abastecer-se e para cultivar os alimentos e assim dependem da captação da água da chuva. Enquanto a grande agricultura do agronegócio, através do uso intensivo da água, pelo sistema de irrigação, desperdiça grandes quantidades de água. Outro agravante é que não há um monitoramento, nem proteção do recurso por parte dos governos.

A água é fonte da vida. Não importa o que fazemos, quem somos, onde vivemos, nós dependemos dela para viver. É o único recurso natural que tem a ver com todos os aspectos da civilização humana, desde o desenvolvimento agrícola e industrial aos valores culturais e religiosos arraigados na sociedade. É um recurso natural essencial, seja como componente bioquímico de seres vivos, como meio de vida de várias espécies vegetais e animais, como elemento representativo de valores sociais e culturais e até como fator de produção de vários bens de consumo final e intermediário.





Referências : Bicudo, D.C., Fonseca, B.M., Bicudo, C.E.M., Bini, L.M. & Jesus, T.A. 2006. Remoção de Eichornia crassipes em um reservatório tropical raso e suas implicações na classifi cação trófi ca do sistema: estudo de longa duração no Lago das garças, São Paulo, Brasil. In: Tundisi, J.G., Matsumura-Tundisi, T. & Galli, C.S. (eds) Eutrofi zação na América do Sul: causas, conseqüências e tecnologias para gerenciamento e controle. Eutrosul. São Carlos. p. 413-438.

BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modifi cou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Brasília, 8 de janeiro de 1997.

http://noticias.r7.com/sao-paulo/agua-de-    esgoto-pode-se-tornar-potavel-apos-tratamento-explica-especialista-06112014

http://www.otempo.com.br/capa/brasil/rio-quer-dessalinizar-%C3%A1gua-do-mar-para-conter-crise-de-abastecimento-1.992981
http://www.rls.org.br/texto/agroneg%C3%B3cio-concentra-consumo-e-utiliza-70-da-%C3%A1gua
http://www.aquaverde.org/le-fleuve-mere/cycle-de-leau/?lang=pt-br

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